Objetivo

Este blog para nós é um grande desafio. Escolhemos o tema “Moradia”, onde nosso enfoque será em favelas e cortiços. Saímos em busca de material na web e por incrível que pareça todos tem em comum, falar sobre direito à moradia digna. Vamos tentar em linguagem fácil, abordar este tema de acordo com observações e leituras de artigos.
São Paulo tem grande quantidade de favelas. Percentualmente, 60,2% das favelas e cortiços concentram-se na região Sudeste do país, mais especificamente nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, que somadas representam 43,9% das favelas brasileiras.
O quadro abaixo mostra os centros urbanos brasileiros que mais sofrem com o processo de favelização.
Acesse a lista de favelas da cidade de São Paulo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_favelas_da_cidade_de_S%C3%A3o_Paulo

O que entendemos por moradia?

Cortiço
é um aglomerado de casas e famílias que vivem em péssimas condições de saneamento. Normalmente moram ali pessoas com renda muito baixa, migrantes nordestinos, bolivianos, onde todos se submetem a pequenos cômodos e dividem este espaço entre jovens, crianças, idosos, trabalhadores informais sem carteira registrada, que levam uma vida quase escrava, e ao chegar ao final do mês precisam pagar aluguel pelo quarto. Segundo o Sistema de informações da Secretaria de Habitação do Município de São Paulo temos alguns dados sobre habitação na cidade: exitem 1565 favelas, 1152 loteamentos irregulares e 1885 cortiços.

Favelas

Refere-se aos seus ocupantes como proprietários ilegítimos de um determinado pedaço de terra. Conseguem viver nestes locais por muitos anos, porém a qualquer momento o dono da terra pode solicitar a desocupação.
Associamos favela a barracos feitos com sobras de madeira. Hoje, este conceito vem mudando. Já encontramos barracos feitos com madeiret, grandes favelas construindo sobre os morros ou encostas com blocos, e tudo isso feito sem nenhuma supervisão, correndo o risco de na época das chuvas tudo vir a abaixo. Retiram-se de um lugar e logo em seguida já estão se instalando em outro. São muito instáveis! Sempre estão sem o direito a legalidade.

Moradia

É aquele local que chamamos de lar. Desde crianças aprendemos o significado de lar doce lar e toda família sonha em ter um lugar para morar com dignidade, seja através de pagamento de aluguel ou morar em casa própria. É onde queremos estar em dias de alegria e de tristeza. È onde encontramos conforto, comidinha fresca, chuveiro, água, esgoto tratado, energia elétrica, e o local onde nos sentimos seguros. Cada um vive de acordo com a renda que recebe. Dentre elas temos várias opções: casas, apartamentos, sobrados, condomínios, flats, hotéis, viadutos, favelas, cortiços, praças, e etc. Cada um se adequada ao seu padrão financeiro e como pode.

Metrópole Contêmporanea

Segundo a Metrópole Contemporânea o alagoano Manoel Francisco Espíndola (1915-1990), presidente da Sociedade Amigos da Favela e coordenador das favelas de São Paulo. Espíndola chegou a São Paulo no ano de 1957. Sem moradia, foi viver na favela da Vila Prudente (naquela época, só havia mais uma favela na cidade, a do Vergueiro, já extinta), começando sua longa batalha contra a discriminação dos favelados.
Lutou também pelo direito a serviços públicos, como sistema de esgotos, água, luz, ambulatório e educação de qualidade. "A favela foi a maior das minhas escolas", 15 afirmou. Sua visão sobre a questão da moradia era abrangente e aguda: "O meu mundo é a favela, mas o que me preocupa não é somente a favela da Vila Prudente, mas sim a sua totalidade. Vejo esse fenômeno como efeito, cuja causa não está dentro dela. E isso representa muito bem o sistema. Faz parte do sistema do mundo capitalista. O que eu vejo: favelas, miséria no campo, miséria em todos os setores, eu atribuo a causa das favelas a essa miséria toda. Condeno o sistema, condeno os conservadores desse sistema, que não aceitam nem mudanças, nem renovação de estruturas".

A imagem da Cidade

No início da fundação da cidade de São Paulo, segundo a história, tínhamos 400 habitantes. Com o passar dos anos essa população veio crescendo... 337 anos depois, chegamos a 70 mil habitantes. Hoje, somos 11 milhões com crescimento anual desordenado em torno de 70 mil/ano. Dentre, estão: paulistas e paulistanos, nordestinos, paranaenses, japoneses, italianos, americanos, angolanos, bolivianos e todas as raças.
Nossa cidade está sempre de braços abertos para o Brasil e para o mundo. Parece que não existe limite!
Não estamos falando com preconceito, somos a favor do crescimento, mas vemos que há um certo abandono para algumas áreas. Se investe muito em alguns segmentos, e pouco ou quase nada em outros.
Este crescimento desordenado e falta de oportunidade para pessoas sem qualificação profissional nos leva ao caos da moradia. Sem estudos e com renda baixa, esta população mais carente procura refúgio em lugares com condições precárias para se proteger das chuvas, dos dias quentes e dias frios.
Como diz Rita Lee “...na medida do possível tá dando pra se viver na cidade de São Paulo...”, mas até quando?
Podemos observar que nas ruas da cidade, o imenso número de pessoas que estão em situação de rua no centro desta grande Metrópole vem aumentando cada vez mais. As vezes nos perguntamos: o que leva estas pessoas a morar na rua? Seria a violência doméstica? A liberdade? Se for, que liberdade é esta? A falta de moradia?
Talvez! Isto se trata de população de baixa renda, que normalmente moram sem dignidade. Migram da periferia da cidade e vem para as ruas do Centro em busca de facilidades. Usam as ruas como se fossem um grande lar a céu aberto.
Algumas esquinas viram sanitários e os chafariz se transformam em um grande chuveiro.
Usamos o Metrô todos os dias e poucos observam que ali próximo a estação Pedro II existe um barraco feito de plástico às margens do rio Tamanduateí. Lá tem até latas com várias plantinhas como uma espécie de jardim. A pessoa fez daquele local a sua moradia. Será que nossos políticos já foram visitá-la?
Vários programas assistenciais oferecem albergues, alimentação, tentam dar um pouco de dignidade para estes moradores em situação de rua, mas entregam o peixe e esquecem-se de ensiná-los a pescar.
Precisamos de programas que cheguem até as favelas e cortiços.
Que todos tenham oportunidades iguais de ensino, lazer, e trabalho...e que principalmente, nossos governantes possam controlar esta migração desgovernada, oferecendo aos que já estão aqui, uma qualidade de vida melhor.

Luciana

Eu sou a Luciana, tenho 21 anos, e moro em São Paulo desde de criança. Trabalho há 2 anos no setor de serviços num dos maiores hospitais público de São Paulo. Gosto de ir ao cinema, frequentar barsinhos com os amigos e meu namorado, comprar e dedicar-me aos "estudos" e amigos no finais de semana. Adoro São Paulo, especialmente a região do Brás.

Márcia Alexandrina

Paulistana, solteira, 50 anos, e moro da zona leste.
Adoro ver o mar, a estrada e o vento no rosto... isto me traz a sensação de liberdade, mas não consigo viver fora desta cidade.
"Amo São Paulo"

Evaneide

Nasci em Ibiara interior de João Pessoa, casada, tenho 34 anos, e moro no interior de São Paulo - Caieiras. Vim para São Paulo aos 19 anos tentar a sorte e crescer profissionalmente. Gosto de estar com meus amigos e curtir minha família.

Naide

Sou baiana, nasci na cidade de Serrinha, tenho 28 anos, solteira, e moro da zona leste.
Começei a trabalhar muito cedo nas plantações junto com os meus pais.
O que me trouxe para São Paulo foi a falta de emprego fixo da minha família. Vim para cá em busca da melhor qualidade de vida e estudos .

Uma breve reflexão...

A partir da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente por volta dos anos 50 começa a migração de nordestinos para a cidade de São Paulo em busca de trabalho e de melhores condições de vida. Uma mera ilusão!
Sem local para morar, começam a procurar terrenos vazios, próximos as áreas de rios e das marginais para construírem o que chamam de casas, sem qualquer infra-estrutura.
Abandonadas ao descaso de nossos governantes, esta população somente é lembrada quando estão próximas as eleições, onde cada voto é disputado de maneira vergonhosa, com ofertas de cestas básicas, promessas de moradias, escolas, etc. Quando tudo isso passa, volta-se a velha rotina como se nada houvesse acontecido e caem novamente no esquecimento.
De uns anos para cá, esta população vem aumentando desgovernadamente. Acredita-se que se deve atribuir este aumento ao desemprego, baixos salários, e baixa escolaridade. Isso nos leva a ver ao que se submete uma pessoa em situação de desespero, que no seu dia a dia disputam espaço com ratos e outros insetos; sofrem com as enchentes para tentar manter seus familiares longe das ruas mesmo que seja sob um teto de madeira e mais uma vez nossos governantes assistem a tudo com muita indiferença.
Algumas reformas já estão sendo realizadas como a urbanização de algumas favelas. Constrói-se um Cingapura aqui outro ali, mas esquecem que é uma população imensa e que além de moradia, esta população precisa de atenção, trabalho, dignidade, respeito, cultura, saneamento básico, ruas pavimentadas, e energia elétrica.
A visão que se tem de favela é um local, ou seja, um reduto de marginais. Mas se enganam aqueles que têm esta imagem. Ali moram pessoas humildes, capazes de transformar o mundo.
Encontramos crianças felizes, que se contentam com as sobras dos brinquedos dos nossos filhos, pessoas que amam e querem ser amadas, trabalhadores de diversos setores. Embora se saiba que os marginais se refugiam nas favelas para encobrir seus crimes por conta da simplicidade da pessoas que ali convivem, muitas mães procuram como leoas manter seus filhos longe da violência e das drogas e sabe-se que é uma batalha bastante difícil, mas algumas conseguem mantê-los com dignidade e muito trabalho, e os transformam em seres humanos notáveis.

Citações

Favelado não tem onde morar: “eu não tenho onde morar, é por isso que moro na areia”, e assim é preciso construir casa para diminuir a crise de moradia e conseqüentemente as favelas. A favela é ilegal, o que leva também a uma aceitação e remoções. Como na música de Adoniran Barbosa “Saudosa maloca... vieram os homens com as ferramentas e o dono mandou derrubá. Os homens estão com a razão, nós arranja outro lugar. Ao mesmo tempo que há resistência para remoções, há também a aceitação de sair porque a terra é de outro dono que não é favelado. (texto de 1988 – Arlete Moysés Rodrigues- livro “Moradia nas cidades brasileiras” – Editora Contexto, pág.37-41).