Uma breve reflexão...

A partir da década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente por volta dos anos 50 começa a migração de nordestinos para a cidade de São Paulo em busca de trabalho e de melhores condições de vida. Uma mera ilusão!
Sem local para morar, começam a procurar terrenos vazios, próximos as áreas de rios e das marginais para construírem o que chamam de casas, sem qualquer infra-estrutura.
Abandonadas ao descaso de nossos governantes, esta população somente é lembrada quando estão próximas as eleições, onde cada voto é disputado de maneira vergonhosa, com ofertas de cestas básicas, promessas de moradias, escolas, etc. Quando tudo isso passa, volta-se a velha rotina como se nada houvesse acontecido e caem novamente no esquecimento.
De uns anos para cá, esta população vem aumentando desgovernadamente. Acredita-se que se deve atribuir este aumento ao desemprego, baixos salários, e baixa escolaridade. Isso nos leva a ver ao que se submete uma pessoa em situação de desespero, que no seu dia a dia disputam espaço com ratos e outros insetos; sofrem com as enchentes para tentar manter seus familiares longe das ruas mesmo que seja sob um teto de madeira e mais uma vez nossos governantes assistem a tudo com muita indiferença.
Algumas reformas já estão sendo realizadas como a urbanização de algumas favelas. Constrói-se um Cingapura aqui outro ali, mas esquecem que é uma população imensa e que além de moradia, esta população precisa de atenção, trabalho, dignidade, respeito, cultura, saneamento básico, ruas pavimentadas, e energia elétrica.
A visão que se tem de favela é um local, ou seja, um reduto de marginais. Mas se enganam aqueles que têm esta imagem. Ali moram pessoas humildes, capazes de transformar o mundo.
Encontramos crianças felizes, que se contentam com as sobras dos brinquedos dos nossos filhos, pessoas que amam e querem ser amadas, trabalhadores de diversos setores. Embora se saiba que os marginais se refugiam nas favelas para encobrir seus crimes por conta da simplicidade da pessoas que ali convivem, muitas mães procuram como leoas manter seus filhos longe da violência e das drogas e sabe-se que é uma batalha bastante difícil, mas algumas conseguem mantê-los com dignidade e muito trabalho, e os transformam em seres humanos notáveis.

Citações

Favelado não tem onde morar: “eu não tenho onde morar, é por isso que moro na areia”, e assim é preciso construir casa para diminuir a crise de moradia e conseqüentemente as favelas. A favela é ilegal, o que leva também a uma aceitação e remoções. Como na música de Adoniran Barbosa “Saudosa maloca... vieram os homens com as ferramentas e o dono mandou derrubá. Os homens estão com a razão, nós arranja outro lugar. Ao mesmo tempo que há resistência para remoções, há também a aceitação de sair porque a terra é de outro dono que não é favelado. (texto de 1988 – Arlete Moysés Rodrigues- livro “Moradia nas cidades brasileiras” – Editora Contexto, pág.37-41).